Não consigo

É um reflexo que me assusta. Que atormenta. Que me perturba. Passo de soslaio e de forma mecanizada gesticulo os mesmos gestos no rosto. Espalho o creme, espreito as sobrancelhas, alinho e tento cobrir linhas infinitas que travam batalhas incansáveis contra a gravidade.

Não gosto. De nada. Mas é um não gostar de resignação porque nada há a fazer. A vida não regenera. A pele não ganha firmeza. Mas cada ruga traz um peso. Devia trazer experiência mas pesa-me. E há alturas em que pesa mais.

Esta é uma delas.


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